Arquiteto e reitor da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Miami, Rodolphe el-Khoury é conhecido por seu trabalho na intersecção entre arquitetura, planejamento urbano e tecnologias emergentes. Ele combina uma visão internacional com um forte compromisso local para preparar cidades costeiras para os impactos das mudanças climáticas.
À frente de vários programas de pesquisa, ele explora soluções que vão desde cidades flutuantes até a impressão 3D de estruturas modulares, ao mesmo tempo em que desenvolve abordagens educacionais para formar uma nova geração de arquitetos conscientes das questões ambientais.
Estudantes já focados no aumento do nível do mar
Rodolphe el-Khoury apresenta um projeto de realidade virtual que ainda está em sua infância, mas já tem uma ambição clara: conscientizar o público sobre as transformações urbanas necessárias para lidar com as mudanças climáticas. “É basicamente um protótipo”, diz ele, enfatizando que a abordagem combina engenharia e comunicação para informar o público sobre o que pode acontecer e como responder.
Ele acredita que a nova geração de arquitetos está plenamente ciente dessas questões: “Os alunos de hoje, especialmente aqueles que optam por vir para Miami, estão interessados no desafio do aumento do nível do mar”. Todos os anos, um ou dois projetos de conclusão de curso se concentram em cidades flutuantes, refletindo um interesse crescente em conciliar a arquitetura e o ambiente marinho.
Cidades flutuantes como um cenário plausível
O arquiteto considera as cidades flutuantes “definitivamente uma das soluções”, apontando para projetos anteriores, como a comunidade insular de Stiltsville, na costa de Miami. Para ele, a geografia local, composta por ilhas e canais, torna esse cenário plausível. No entanto, ele observa um paradoxo: as pessoas em Miami estão cientes do aumento do nível do mar, sabem que é real, mas negam o impacto que isso terá em suas vidas.
Ele acredita que a conscientização prática virá por meio de sinais econômicos fortes, como o fim das hipotecas de longo prazo em áreas de risco. Por enquanto, “não vejo nenhuma mobilização coletiva na mente do público”.
Adaptação e negação
Apesar do aumento dos eventos extremos, ele observa que a resposta continua limitada. No entanto, mudanças estão em andamento, como o aumento do nível das ruas em Miami Beach, mas projetos realmente voltados para a adaptação continuam sendo raros.
Inovação tecnológica a serviço da arquitetura
O laboratório que ele dirige está explorando soluções inovadoras, incluindo a impressão 3D em concreto aplicada ao planejamento urbano flutuante. Usando uma impressora de grande formato instalada sobre uma doca seca, “as barcaças passam sob a impressora, imprimimos a casa, as barcaças partem… então essas barcaças com as casas impressas são projetadas para serem montadas para criar uma espécie de grande campo flutuante”. Esse processo visa otimizar a construção modular e permitir a expansão gradual das cidades sobre a água.
Estruturas fixas, mas escaláveis
Quando questionado se essas cidades poderiam ser móveis, o arquiteto defende a ideia de estruturas fixas com “uma certa flexibilidade para que possam se expandir ou encolher lentamente, se mover, mas de forma muito gradual”. Esse projeto envolve ligações permanentes ao continente por meio de pontes ou outras infraestruturas.
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