Christoph é professor e pesquisador da Universidade Estadual do Maranhão, nos departamentos de agricultura (antigo agroecologia) e geografia. Sua área de estudo situa-se na interseção entre meio ambiente e pobreza rural. Ele imediatamente enfatiza o contexto socioeconômico do Maranhão, um dos estados mais desfavorecidos do Brasil:
“Há problemas de segurança alimentar aqui, e as crianças não comem proteína suficiente, o que é um grande problema”. Em resposta aos argumentos que opõem a proteção ambiental ao desenvolvimento econômico, ele rebate com veemência: “Na realidade, quanto mais destruímos o país, mais pobre ele se torna”.
Seu trabalho se concentra em encontrar soluções concretas que sejam acessíveis aos pequenos agricultores: “Os grandes players podem comprar sua saúde, mas os pequenos agricultores precisam da saúde pública”.
Projetos agroecológicos para o combate sustentável à pobreza
Christoph defende uma abordagem holística da agroecologia, combinando agronomia, socioeconomia e restauração de ecossistemas. Um dos projetos emblemáticos em que está envolvido é o Rice Fish, um sistema de cultivo de arroz e peixe concebido especificamente para combater a pobreza. Ele também menciona um projeto de longo prazo em que está trabalhando com seu colega Fabio para restaurar as matas ciliares no município de Arari:
“As matas ciliares protegem o rio e são importantes corredores ecológicos para a movimentação de espécies, pássaros, macacos, jacarés e tudo mais.” No entanto, essas áreas legalmente protegidas são frequentemente negligenciadas na prática: “É proibido chegar a menos de 50 metros de um rio grande, mas ninguém respeita a lei.”
Investindo na educação das gerações mais jovens
Convencido de que a mudança deve vir dos jovens, Christoph desenvolve projetos educacionais que envolvem os alunos no plantio de árvores. Ele enfatiza a dificuldade de transformar práticas sem um envolvimento local real:
“As pessoas têm que realmente querer isso, tem que ser do interesse delas. Se não for do interesse delas, elas não farão.”
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Ele critica implicitamente as abordagens tradicionais de conservação:
“Pensamos em criar um parque nacional, expulsamos todas as pessoas que vivem lá, cercamos com uma cerca… Mas, na realidade, isso não pode funcionar porque as pessoas vivem lá.”
Uma emergência nacional: restaurar terras degradadas
Christoph lembra o compromisso do Brasil de restaurar 20 milhões de hectares de terras degradadas até 2030: “Isso representaria 20 bilhões de árvores em seis anos, e estamos muito longe disso.”
A necessidade de plantar árvores é, portanto, uma prioridade. Mas ele ressalta que esse projeto não pode ser reduzido a uma simples corrida para reflorestar:
“Precisamos descobrir como plantar as árvores, quais árvores plantar… Existem centenas de espécies mais ou menos conhecidas com potencial de restauração, preferencialmente espécies multifuncionais com boa sobrevivência e restauração ecológica.
Os Guardiões da Floresta: resistência indígena essencial
Christoph diz estar profundamente impressionado com o papel dos povos indígenas, particularmente os Araribóia, na proteção eficaz das florestas brasileiras:
“As únicas pessoas que estão protegendo efetivamente a natureza aqui no Brasil são o grupo étnico Tenetehara.”
Ele lamenta a incapacidade das instituições de fazer cumprir as leis ambientais:
“As agências de proteção ambiental não têm dinheiro suficiente para atuar no campo, e o sistema judiciário não funciona.”
É por isso que ele apoia a rede Guardiões da Floresta, formada por organizações indígenas que defendem tanto seu território quanto sua cultura:
“Eles estão defendendo a última grande área de floresta no sul do Maranhão, e é um grupo étnico que provavelmente desaparecerá…”
Uma mensagem de esperança, apesar dos sérios desafios
Enquanto o Brasil se prepara para sediar a COP30, Christoph quer que a comunidade internacional se envolva mais. Ele clama por uma mudança de paradigma, em que a proteção ambiental não seja mais uma barreira ao desenvolvimento, mas uma alavanca para o combate sustentável à pobreza.
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