Villes flottantes

Entrevista com Tang Tang, da associação O2LAb, em Penghu

Um estúdio onde o mar conta as suas histórias

No estúdio O2 Lab, cada objeto conta uma viagem. Nas prateleiras, encontram-se bebidas e alimentos provenientes de diferentes países, por vezes identificáveis, por vezes misteriosos. Algumas embalagens, transportadas pelos ventos e pelas correntes, vêm de muito longe.

Entre essas curiosidades, uma placa de porta proveniente de Taichung chegou até Penghu, levada por um tufão, pela chuva e pelo rio. Nas praias, também se encontram peças de jogos de tabuleiro, «talvez caídas de um barco» ou escapadas de antigos aterros atacados pelas ondas, libertando assim «muitas coisas velhas, como caixas».

Obras para sensibilizar para a poluição marinha

Uma peça marcante da coleção é uma obra intitulada 2048. O artista inspirou-se numa constatação científica: se a poluição plástica continuar a aumentar, essa data poderá marcar uma viragem dramática para a vida marinha.

Os designers também criam postais, objetos e instalações a partir de materiais recuperados. As redes de pesca, por vezes arrancadas pelos tufões, são reutilizadas.

Transformar o lixo em criações

Neste espaço, os visitantes descobrem malas, escadas, instrumentos transformados, candeeiros feitos com redes, esculturas de golfinhos ou raias. Algumas peças mantêm a sua cor original: «Não é tinta.» Os artistas também trabalham em projetos narrativos, como a banda desenhada What the Grandpa Fishing, que reúne histórias das crianças de Penghu.

Uma pedagogia através da criação

As atividades educativas são numerosas: oficinas de desenho de peixes, fabricação de objetos a partir de plástico branco coberto com areia, missões atribuídas aos alunos para transformar esses materiais em animais imaginários. Os trabalhos escolares podem até ser expostos, ao lado das criações dos artistas.

A exploração não se limita aos resíduos: conchas, ovos de tubarão-gato ou de raia, armadilhas para caranguejos, objetos antigos como bolas de vidro — usadas antes da era do plástico — encontram o seu lugar na coleção. Estas descobertas tornam-se frequentemente um ponto de partida para narrativas poéticas ou científicas.

A arte ao serviço do oceano

O estúdio também procura limitar a sua própria poluição: a água suja proveniente das tintas é recolhida, filtrada e, por vezes, reutilizada como material artístico.

Através desta abordagem, o O2 Lab combina sensibilização ambiental, criatividade e transmissão. O objetivo é claro: fazer com que cada visitante saia com vontade de olhar de forma diferente para os objetos encontrados nas praias, não mais como lixo, mas como fragmentos de histórias para contar.


Testemunhos do mesmo painel


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